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Já faz algum tempo
Mas me assusta
         [ser]
Confesso que me escondo as vezes
Todo o tempo ultimamente
Meus instantes são turbulentos
         [Já me adaptei a eles?!]
Afinal são tantos
Um ciclo
Um sem-fim de redundâncias
Vão passar
Mais uma oscilação
        [Mais eu]
  

De hoje

Preciso encontrar a voz, perdi por aí, num momento qualquer.

De um canto da alma

Falta algo
Uma parte
qualquer parte

Uma que não convém
mas que falta
tudo bem

Pra isso existem
os filmes
os livros
as séries
e afins

Pra suprir essa falta
de nada

escassez

Vamos fazer um som?

Vislumbre

Quando menos se espera
     o momento,
          o instante único,
               o beijo rápido do beija-flor

só de passagem

chamamos de acaso

quem sabe até de sorte

Eu chamo de vida
 

Do que não se vê, só se canta

Escorrem os dedos
das mãos
que tapam insolentes a boca
os lábios estão pressionados

presos

uma correntezinha de vento
escorre
pelo microscópico buraquinho
que sobra

sopra pra ver se sai
vai
sopra que cai a baba da moça
que tenta falar


crocitam os pássaros
ao longe
no céu
do azul queimado de sol da tarde

adeus
a sensação
da corrente de ar já se foi

pra onde
pra onde correu
não era passível de se observar

secreta

o ar da menina
só pode calar 

Rrrrrrrrrrrrrrrr

Ensejar

Deixe aberta
      [a porta]

Para que saiam 
        [palavras]

Permita que entrem
             [momentos]

Quem sabe novos tempos

.Conceda
..Consinta
...Concorde

Quem sabe assim acorde

E um novo você
[aconteça]