sexta-feira, 27 de abril de 2012

Invernando!

Dos ventos que já sopram frios...
acumulam-se tantos momentos eternos
que não podem se transformar em palavrório desabado
que acabo ilustrando pouco,
ou quase nada, do que vai aqui,
dentro e fora de mim!!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Além das margens

Transbordo minhas dúvidas
exacerbadamente me incompreendo
não sou capaz de adivinhar-me
nem sequer suponho-me
Estou atravessada na minha garganta
engolindo meus próprios sapos
procurando...
procurando...

domingo, 22 de abril de 2012

AfervoramentO

Os homens viram o fogo subindo
numa altura próxima de tocar as nuvens
não correram para buscar baldes de água para controlá-lo
apenas calaram
fizeram silêncio, de voz e de pensamento
Um sabor emanava do fogo e dos beijos dos amantes febris
aos toques os lábios tagarelavam palavras ininteligíveis,
para quem de fora ousasse auscultar
os corpos se adivinhavam a cada novo estímulo proposto
Inspiração e expiração
E o contemplamento sutil do outro, ali tão próximo, se fazia

sábado, 21 de abril de 2012

Da mesa


Era noite e o céu estava estrelado
Havia felicidade
Fazia parte da roda
Conforme o tempo
Os acontecimentos se moviam
As estrelas sumiam
A felicidade nem aí
A velha certeza, que tinha ficado enterrada
Reapareceu
Na verdade sempre esteve ali
Mas era preciso acreditá-la
Não há mágoa
Nem deveria
Só se sabe o que sempre se soube.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dos olhos da alma

O visão passeia sem rumo
Por qualquer lugar onde possa penetrar
Imagens invertidas
Na mente tornam-se claras
Tradução simultânea para significados mil
Informações diversificadas
acumulam-se
Formam um bolo estético
Qualquer coisa significa, e pronto
Dilata-se a íris, é bom estar aberto
Foco é útil,
E quem sabe até necessário
Só não precisamos de fato de olhos que vejam
A física é traída pela sensação
Basta estar aberto e sentir
Então, a visão se transforma em tato, ou em som
E democratizamos os olhos
Para quem deles faz uso de outras formas
E vê o mundo com as mãos, os ouvidos,
Ou quantas partes sensíveis de si mesmo quiser
O que importa é sentir o mundo,
Com sua totalidade de nuances
Plenitude dos sentidos
Sejam eles quais forem.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Abraço de Coração

Tão bom o aconchego calmo dos seus braços
O abraço, puro, simples e completo
Onde nossos corações se fazem audíveis
Minha tranquilidade se torna paupável ao seu lado
E sorrir fica fácil


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Eu com farinha

Paródia verdadeira

E num repente tremulante e febril
Desvelou-se o tal mundo em imagem
praticamente cênica
É possível observar em diversas direções
coloridas a tinta acrílica

VERDADES
escandalizadas
à tinta fresca
em todos os lugares
Até no seu traseiro
E no meu

Não to nem aí pra sua laia, Sra. Realidade
Não sei nem se te conheço

Pra ser mais clara...
Preciso da inocência em muitos dos meus momentos

Que descontrole é esse ao qual me arremessa sem ver
e me abandona?

Ninguém está nem aí

Esta, que voz fala, também não faz de nada a menor ideia

Vejo o céu desabar sobre mim,
E isso quase todo o tempo

Estou certa de haver tempo para tudo
Mas é preciso tomar em breve o caminho certo





terça-feira, 10 de abril de 2012

Dos sonhos

Desta vez, do céu choveram estrelas
Como riscos flamejantes a cortar o ar
Da Terra, observei consternada a imensidão de
pontos brilhantes do azul chover-se toda.
O medo me invadiu ao ver tão belo espetáculo
Entre estrelas cadentes e meteoros
O firmamento se desfez rumo ao solo terrestre
Não sei se era o presságio da destruição
Ou se apenas anunciava a boa nova
Só acordei...

domingo, 8 de abril de 2012

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Na Lua cheia

Seu silêncio me assusta
Ao passo que sua voz me acalma
Tento ler seus pensamentos,
procuro te descobrir
Busco em mim radiografias de um você tão pouco desvendado
Não tenho certeza de nada, apenas sei, o que na realidade nem sei
Aqui dentro projeta-se bem delineada sua imagem, viva e clara
Mas ainda assim não sou capaz de desvendá-lo
Apenas me alegro,
                           e rio...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Bodas de Prata

Ontem foi o aniversário de casamento dos meus pais, no dia 4 de abril de 1987, 25 anos atrás, os dois formalizaram o amor que sentiam um pelo outro, e daí em diante dedicaram-se quase que exclusivamente à criar uma família.
O Conrado apressado, nem esperou o casamento, já estava bem quentinho na barriga da minha mãe, só esperando as formalidades necessárias e a ordem de nascer, que seria dada à ele pela natureza no dia 10 de agosto de 1987.
Bem, chamo meu irmão de apressado e nem sei como denominar o meu feito, minha mãe mal tinha dado a luz ao primeiro filho, e eu hiperativa, maluca, e descontrolada como sempre resolvi me apresentar, entrei na jogada quando meu irmão tinha apenas 40 dias, eu não ia perder de estar nessa família por nada, nasci na madrugada fria do dia 25 de Junho de 1988.
Quatro anos se passaram, eu e o Conrado crescemos um pouquinho, e tínhamos uma vida bem legal, mas meus pais sabiam que ainda não estava completo nosso quadro familiar, e então no dia 14 de Maio de 1992 eis que surge de surpresa um ruivinho muito fofo, ao qual deram o nome de Lucas, desde que chegou ao mundo ele nunca quis pisar no chão, andava voando pela vida, pulando por cima de cadeiras, sofás e até mesmo pessoas.
Vejam que família linda três filhinhos, já está bem, não precisa de mais nada não é?
Não. O plano não era bem esse, ainda não haviam chegado todos, e por isso no dia 18 de Junho de 1994 foi a vez do Juninho dar o ar da graça, chamado de Antônio Donizete como o pai, o pequeno tratou de ser grande bem loguinho, cresceu, cresceu, cresceu e ainda esta crescendo, meu Deus!!
Está bem agora não é?!
Não, não está, há um desequilíbrio visível, três meninos e apenas uma menina, pobre de mim, assim não dá.
Mas é claro que não ia parar por aí, o casal de pombinhos sabia que o plano ainda não era esse, era preciso completar o quadro familiar, então sem demora, trataram de encomendar a Catarina, que venho ao mundo no dia 16 de Junho de 1997, era a criança mais rosa e linda do mundo, e logo virou o xodó, a bonequinha da casa.
Agora vejam bem, quanto trabalho deve dar um plano de vida assim, tão extenso. Eles não se intimidaram nunca, em nenhum momento, lutaram sol a sol, chuva a chuva, para criar seus cinco filhos da melhor forma possível, nos fizeram, ao custo que só eles, Deus e nós mesmos sabemos, pessoas de verdade, foi através da vida difícil e por vezes até triste que vivemos que nos tornamos o que somos agora, aprendemos com eles o valor da vida, dos estudos, do trabalho e principalmente o valor da família, não importa qual será a próxima dificuldade, ela sempre chega, e deixe chegar, estamos aqui unidos como sempre, só esperando mais uma empreitada, para trabalharmos juntos como nos ensinou nossos pais.

Parabéns pelo bom trabalho humano que vocês dois tem realizado com tanto amor a mais de 25 anos, saibam que nós cinco os amamos muito, e que vocês tiveram exito na vida, desde sempre, pois conseguiram mesmo com todas as dificuldades permanecer juntos, num tempo em que separar-se significa resolver.

Beijos e abraços, com todo amor e carinho de seus filhos que os amam.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pro sono sumir

Tenho a estranha sensação de que meu cérebro derreteu,
o sono me consome, mas eu luto, firmemente, não posso, não vou dormir,
eu comando, eu mando, eu é que sei.
O sono que espere a hora de sono chegar, ainda não é, agora eu não vou.
Quando anoitecer, na hora exata em que ele costuma sumir,
que apareça, aí eu durmo, quem sabe até me arrisco a sonhar.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Deglutição

Hoje alimentei as pernas,
a boca,
a mente,
mas e o coração?!

Bem esse está meio estranho,
Um tanto sem graça,
Um pouco sem chão.




Quando Deus criou os pássaros


Deus criou o céu, a terra e tudo que nela vive, cada mosquinha, vaca, onça ou macaco, criou-os um a um, com um capricho incontestável. Quando já tinha criado quase todos os bichos da terra, e viu o quão bela e enfeitada estava, percebeu que o céu, pobrezinho, estava quase sem nada. É certo que para ele foram reservados o sol, as estrelas e a lua, mas ainda assim, faltava-lhe movimento.
Foi então que Deus teve uma grande idéia e começou a criar os pássaros, no entanto isso só foi acontecer no final do sexto dia, e o nosso senhor já estava bem cansado, e numa solução rápida e prática, criou-os todos padronizados, cada um com seu formato, porém todos da mesma cor.
Como todos sabem, Deus descansou no sétimo dia, o que foi mais do que merecido, visto todo trabalho que tinha tido até então. Dormiu feito criança, e quando acordou, a primeira coisa de que lembrou, foi de sua última criação, que estava longe de estar terminada, com toda a sua serenidade e sabedoria pediu aos seus anjinhos que descessem à Terra e dessem seu santo recado:
_Vamos queridos amigos, voem depressa, e avisem meus lindos pássaros, que daqui a três dias vou deixá-los mais enfeitados.
Os anjos sem demora assim fizeram. Avisaram cada um deles.
Voaram por florestas, vales, comunicaram as aves de rapina e as que viviam perto dos mares e lagos, foram velozes dando o recado.

Dali a três dias começou todo o trabalho, os pássaros foram chegando e fazendo uma grande algazarra, todos muito animados, não só por estarem na presença do todo poderoso, que a esta altura já estava com ares de Picasso, mas também porque ganhando novas tonalidades, não seriam mais confundidos uns com os outros e passariam a ter estilo próprio.

O primeiro da fila era o hiperativo beija-flor, que não dormiu a noite toda de ansiedade, e assim que raiou o dia, voou veloz para ser o primeiro, o pequenino não parava quieto para poder ser pintado, e o nosso divino pintor acabou misturando todas as tintas em suas peninhas, dando-lhe um belo resultado furta-cor.
Logo em seguida chegou o Urubu, muito mal humorado, ele achou um absurdo ter que acordar naquele horário, pediu que o Senhor fosse breve, estava muito apressado, disse:
_Pode me pintar todo de preto. Depois saiu bufando alto.
Outros tantos foram vindo e saindo bem adornados, os canários amarelos e os papagaios esverdeados, a arara estabanada borrou-se toda na palheta, ficou toda colorida e saiu muito animada.
E assim transcorreu o dia, Deus na maior animação, pois o trabalho era muito, mas maior era a satisfação, seus singelos passarinhos agora voavam alegres colorindo o azul do céu.

Quando o santíssimo já estava guardando seus apetrechos de pintura, eis que surge esbaforido o esperto rouxinol, que dormiu mais que devia, não despertou ao nascer o sol.

Ao ver o rouxinol Deus ficou bem preocupado, acabaram-se todas as tintas, restou só um pinguinho de dourado, mas o bondoso mestre não desistiu, e resolveu como só ele seria capaz de resolver, pegou o pinguinho restante, pediu que o rouxinol abrisse o bico e pingou a tinta em sua garganta, e não pensem vocês que o pássarinho ficou na desvantagem, ficou meio desbotada e sem graça sua plumagem, mas quando abre o seu biquinho, canta um som encantado e então é possível ver o pinguinho de dourado.

(Baseado em um conto popular)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Revoada terrena

Na rua...
Passos rasantes sobre o chão
Tenho a clara sensação de estar voando
A respiração embora levemente cansada, me alimenta
A mente se expande

Alegro-me

A cada novo trecho
São minúsculas vitórias
Quase que imperceptíveis para quem vê de fora
Mas daqui de dentro, é possível ouvir os aplausos
Estou vencendo a mim mesma mais uma vez!!



Entranhamento íntimo

Por vezes, assim, do nada, me reencontro, sempre perdida em uma face qualquer.
Sou tantas em uma única eu, que com frequência sinto-me sufocada.
Vivo a eterna busca de um futuro que não chega nunca,
sonho muito, tanto, e todo o tempo.
Sou uma série de ligações eletromagnéticas,
sou reação tipicamente atômica.
Sou uma parte santa;
uma parte sereia;
uma parte mãe;
e uma grande parte bruxa.
Estou acuada como bicho indefeso,
persisto em continuar cavando este buraco pra lugar nenhum.
Preciso me encontrar, e ponderar-me.
As horas estão fazendo falta no meu tempo, muito mal utilizado.
Organização emocional, preciso fazer uma faxina.
É passada a hora de ser.
O tempo de parecer passou voando por mim.

 

domingo, 1 de abril de 2012

8 luas

Em um único céu
Tantas luas
Tão reais

(assustadoramente reais)

A imagem de um presságio qualquer
Uma certeza qualquer
Tão verossímil e improvável
Que só podia ser sonho.