quinta-feira, 23 de março de 2017

Transform[ação]

Transformar-se é como morrer aos poucos

Dói pra aniquilar os velhos hábitos tão arraigados

Corrói ver definhar as certezas [pueris] mas tão nossas

É preciso ver-se no espelho o tempo todo
Virado no avesso
Daquele lado tão desgostado
Que nem com filtro a gente encara
Transformar-se é missão kamikaze

É como voar rumo ao arco-íris
Sem nenhuma chance de retorno
Simplesmente não tem volta
É precipitar-se rumo ao abismo

E fim...

Cai um você
Nasce outro

quarta-feira, 22 de março de 2017

Quitéria

Quando penso que me equilibro
Trêmula e bêbada de mim mesma
                                                 [recuo]
Na corda bamba dos meus eus
Vou bem
Até soprar a primeira brisa
Aí lá vem
Mais de mim
Mais do mesmo
Mais dos  meus medos

Pra depois
Respirando fundo as tormentas
Nos ventos
De tudo que venta
Encontrar-me sã
No fervedouro do meu próprio movimento
Escondido
Mas tão presente
Trôpego, trágico e sorridente
Feliz de mim
Por ser assim
Exatamente
Eu

Inspirar [sê]

Não basta ouvir a voz
Nem tampouco basta dizer
Fazer é crucial
A promessa nada vale sem a ação
Tem movimento escondido
Ta lá no fundo
Procura pra ver
Mas não se perca na contemplação
Põe o pé na vida e anda
Ou corre
Tanto faz
Só movimenta
Movimenta pra viver

segunda-feira, 6 de março de 2017

Dos giros

Eu vi meu pai assobiar na mata da minha alma
Eu vi meu pai me procurar com a calma do caçador
Eu vi meu pai me buscar  nas macaias da minha mente
Eu vi meu pai me chamar pra caçada daquilo que sou
De fato
Caçador
Do mato
Da luz
Do movimento
      circular
            trepidante
                 de ser-me
                       tão e
                                só[mente]