quinta-feira, 30 de agosto de 2012

De súbito me foge o chão
minhas certezas todas se esvaem
não sei...

Vou me concentrar em engolir o nó que está preso na garganta
não tem gosto
não tem cara, nem motivo
muito menos vitaminas e minerais

Me cansa ser esse turbilhão de coisas tantas
me cansa não saber

MEU DEUS, SIMPLESMENTE NÃO SEI!
Talvez saiba um pouco do mundo
mas de mim, da minha alma, da minha água, da minha lama
só um branco sem fim



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O segredo da vida desvendado
a linha tênue, que nos separa do outro lado se faz tão transparente,
tão invisível,
que os olhos podem quase que tocar o lado de lá.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Deixa rolar

deixa a maré me levar
deixa,
deixa o barco navegar
o tempo correr
na bela ciranda da vida
vale até pagar pra ver
então "fechô"
ta fechado o cachê
to pagando mundo louco
to deixando acontecer

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Trovinha de amor

Se me ama, ainda que só um pouquinho
basta que sussurre para que eu ouça
suspire por mim, e pronto, te amo também

Se me ama, não fuja, não zombe de mim
pois é tenro, brando e tão delicado meu coração
que zombarias são punhais cortantes
e fugas os mais obscuros abismos

Se te assusta esse meu eu desmedido
não precisa se afastar, chegue pra perto de mim
e verá o quão acertada sou, se alguém me ajustar

Se me ama, volte logo por favor
não se vá para sempre de mim
voe seus voos
mas retorne ao nosso amor


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Da minha existência

Finjo uma dureza que nem de longe tem a ver comigo
me apaixono por tudo e todos
o tempo todo
por tudo que faço
por todos que conheço
Sinto prazer em fazer muitas coisas
por mais distantes que elas pareçam de mim
vivo esta minha intensidade estarrecida
e muitas vezes até confusa
Afinal, quem sou?
Como dizer de mim?
Cresci! 
E não só não sou o que queria ser quando crescesse 
como não sei mais o que quero ser
Quero tantas coisas
Escolher por uma delas
é praticamente impossível
Acredito que esta vida seja uma passagem, uma fagulha
um pedacinho de sempre
Então me contento em viver tudo o que puder
experimentar tudo de bom que o mundo me oferecer
aprender
mais e mais
Não sou nada além daquilo que sei,
minha única obrigação de vida é buscar conhecimento
Tanto os do mundo, quanto os da alma
Estou certa de haver tempo para tudo
se não agora, na eternidade
Então respiro e me acalmo
Ainda há muito o que viver!


domingo, 12 de agosto de 2012

Do céu estrelado

Belo céu o de hoje
repleto de estrelas
lumiando sorridentes

Belo mundo esse nosso
tão emocionante
inconstante e necessário

Me instiga todo esse mistério
essa imensidão
essa falta de certeza

Como saber
se o que vemos no céu
é o presente da estrela?

E não apenas o seu passado
A derradeira fagulha brilhante de sua vida

Bem, vou me abster do entendimento
e me contentar com o brilho único e singelo
das meninas celestes

Assinado eu também

Eu te perdoo
por não poder perdoar
por não haver perdão
nenhum motivo há
mas tanto quis
e quero sempre que meus olhos encontram os seus
te desejo eu sei
te sufoco
lhe tiro o ar
por ser tão sem pausas
tão carregada de palavras
tão ávida de falar
te amo
pelo simples prazer de amar
fui feliz com você
a cada instante
a cada beijo
a cada verdade atravessada
que me fez felizmente sofrer
não foi por acaso
os desencontros deviam acontecer
que voem seus olhos
os meus logo estarão prontos pra revoar mais uma vez
descubra-se menino
vá longe
mas volte
por favor, volte sempre
pra me contar suas aventuras



sábado, 11 de agosto de 2012

Das gotas

Ai se eu pudesse coração
eu te arrancava
te pegava com a mão e arremessava em qualquer canto
nem me importaria se por ventura
te desse como pouso o chão
se quer saber coração
sou mais que tudo
sou ferro quente
não tem nada de brando meu coração
sou mentira suja
sou sangue e coro
não tenho pele
nem amor
nem nada
sou qualquer coisa
sou bruxaria
sou olho morto
sou vontade mórbida
e nada então
to nem ai
não quero nada
nem vejo o mundo
sou choro seco
não sou poesia nem canção
só quero hoje
amanhã e sempre
ter sangue frio
cegueira d'alma
pra ver se sofro menos
por ser tão eu
tão pouco
tão só
e nada
e...
palavras vazias
e álcool talvez
tantas doses
palavras soltas
é preciso escrever ainda que sem encanto
é preciso vazar
pra ver se cessa o pranto
que se vá então
já chega
por que?
me diz coração
se tanto quis
se tanto fiz
se tanto pedi
e então
por que se abranda coração
seque mais uma vez
é preciso pra ser feliz
não se pode querer sorrir
nenhum sorriso então
se de dentes saem lágrimas
se na vida nada então
já chega
já chega meu estúpido coração!




quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Então Adeus

É chegada a hora do adeus
dessa vez te vi
pude enfim perceber
tudo é muito mais que simples palavras
dessas que dizem a boca, mas traem o coração
das que a gente esconde para não magoar
da comodidade, de não viver novas buscas

É preciso encher os olhos
até os seus

Mas enfim
vou deixar você ir
vá-se embora de mim
para que eu volte a ser
e só
Um tanto vazia
e completa ao mesmo tempo
Me falta tanto
mas tenho tudo o que preciso
apenas não posso concretizar meus anseios,
os mais meus

sábado, 4 de agosto de 2012

Do não que eu já tenho

Está bem,
talvez seja só carência
essa mania besta de querer
de ter
MATÉRIA
Brutalmente pele e corpo?!
Não!
Pois a alma me enlaça
num ponto crítico em que minhas palavras vagas não são capazes de descrever
me desnudo na sua negação
me afogo nesse abismo escuro onde nada sei
e rio da minha impotência diante de mim mesma
Sou uma piada viva
ou só um breve dramalhão?
Sou só Ângela
e por isso,
tudo isso
esse monte de tudo e nada reunido
esse eu sem qualquer explicação







quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A faca

Tenho uma faca aqui do meu lado
pra cortar
pra descascar

Maravilha?
Bela vida?
Bela faca então!

Não se trata de faca de mesa
Nem, muito menos de pão

Falo de uma de corte fino
afiada com total precisão

Me olha
Eu a vejo
Porém não nos tocamos
Respeitamos a necessidade segura de nos mantermos afastadas

Minha faca é quase mágica
e só corta se eu disser corte

Mas nada falo
ela não ouve
e tudo permanece sem ranhuras
sem cortes
sem arranhões

De não poder mais

Se o telefone tocar
estou decidida a não atender.

_Chega! Por hoje já está bem!

Mais um pouco e eu explodo
Só mais uma grama
e minhas costas cedem ao peso
meus olhos às lágrimas
minha garganta aos gritos
E minha sanidade ao desespero



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Anatomia psíquica

Me expresso como posso
Gosto de me manter livre para a vida
O cabelo solto, despenteado a seu bel-prazer
A cara lavada, sem grandes camuflagens
O corpo talvez não seja meu ideal físico,
mas me contempla
Faz bem seu papel humano
O sorriso vive grudado na minha cara
Mesmo quando solto minhas garras
mesmo nas minhas feitiçarias
Sou louca a noite
Não menos louca durante o dia
Detesto calor
A menos é claro que se faça entre os corpos
O meu e o de alguém que me toque diretamente a alma
Sou tão simples quanto complicada
E preciso me descrever
Todos os dias
Nessas palavras vivas
pra ver se me entendo, se me decifro
Pois sou claramente confusa.